No começo de dezembro, e às vezes até muito antes, ruas de várias cidades pelo mundo são tomadas pela decoração de Natal. Essa época é  importante para muitas famílias e cria um misto de ansiedade e alegria nas crianças que aguardam ansiosamente pelos presentes trazidos pelo Papai Noel ou pelos familiares.

Para os cristãos praticantes, o Natal é ainda uma oportunidade de relembrar a história do nascimento de Jesus para os pequenos. Para outros, a estrela da festa é o Papai Noel. Mas o Bom Velhinho não é o único a brilhar nesse final de ano.

A Hannukah e o Kwanzaa também são lindas festas que são momentos de grande comemoração entre pais, mães e filhos, além de uma oportunidade para ensinar valores como a tolerância religiosa e o respeito às diferenças.

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Iman participa de da cerimônia judaica da Hanukah em uma sinagoga em Paris. Um belo exemplo para as crianças de coexistência harmoniosa entre diferentes religiões.

Uma mamãe parisiense conta para o Mães no Mundo como é a celebração da Hanukah com a sua filha:

Muitas pessoas consideram que Hanukah é uma espécie de versão judaica do Natal. Também dá-se presentes, a família se reúne… Muitos pais judeus também acabam associando as duas festas para que a criança não se sinta isolada em relação às demais que não são judias e para mostrar que também ganham presentes. Mas iss,o às vezes, acaba criando uma distância em relação ao significado singular dessa festa.

Se no Natal se celebra o nascimento de Jesus, Hanukah celebra um outro milagre : comemora-se a vitória dos judeus contra a dominação sírio-grega e a profanação do templo. O rei grego Antiochus Epifano proibiu o judaísmo na Judeia e obrigou os judeus a fazerem sacrifícios para os deuses gregos. Os judeus, que eram apenas camponeses, se revoltaram e ganharam contra o exército grego. Nessa noite, um único cântaro de óleo puro e inviolado não havia sido profanado e esse durou oito dias e não apenas um.

Essa é uma festa que dura oito dias. Graças à mesma primeira vela que se acende no primeiro dia se acende uma no primeiro, duas no segundo etc. Celebra-se, assim, essa vitória e a sobrevivência do judaísmo. Comem-se panquecas de batatas (latkes) e sonhos (sufganiyot). Ou seja, alimentos fritos no óleo. As crianças brincam com o pião (dreidl) e cada face desse pião representa uma letra hebraica que corresponde à frase “um grande milagre aconteceu lá”. Presentes são distribuídos para as crianças.

Minha filha de seis anos ficou muito feliz esse ano, pois foi ela quem acendeu as velas da hanukiah (candelabro de hanuka) todos os dias. Ela participava assim ativamente da festa. Pudemos também lhe explicar que finalmente tudo isso poderia também representar a esperança que se pode manter mesmo quando tudo parece perdido.

Kwanzaa, uma festa afro-americana que luta contra o consumismo

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Kwanzaa  foi criado nos anos 60 para valorizar a herança e a cultura africanas. O banquete do Kwanzaa tem comida, canto e orações.

Criado na Califórnia pelo cientista político Maulana Karenga nos anos 60, o Kwanzaa é  uma mistura de luta pelos direitos dos negros, liderada por Martin Luther e tradições africanas.
“Kwanzaa é baseado em rituais africanos de celebração da colheita. Trata-se de reverência à natureza, à identidade cultural do povo africano. É uma celebração não-religiosa, mas que dá à ênfase a valores espirituais como a fraternidade e a solidariedade”, afirmou Chimbuko Tembo, vice-presidente da organização Us, que luta pelos direitos dos negros em uma reportagem que fiz para a Folha. Quando morei em Nova York vi que essa festa realmente um número crescente de adeptos e já integrando a cultura televisiva como podemos ver nesse episódio da série “Everybody hates Chris”.

Na festa, que hoje é praticada por milhões de afro-americanos nos EUA, são usadas roupas inspiradas em trajes tradicionais africanos e o suahíli (a língua mais falada na África) é o idioma oficial dessa celebração. Kwanzaa,  em suahíli,  quer dizer “primeiros frutos”.

Celebrado durante sete dias a partir de 26 de dezembro, o Kwanzaa toma emprestado alguns elementos de outras culturas também. O candelabro de sete velas lembra a menorá judaica e, assim como no Natal, também há uma troca de presentes. Mas, para as crianças, o ensinamento desses presentes é que eles não devem ser comprados (com exceção de livros) mas, sim, produzidos pelas próprias crianças e seus familiares. O objetivo é o de não estimular o consumismo.

A cada dia da festa, uma vela é acesa seguindo sete princípios: umoja (unidade), kujichagulia (autossuficiência), ujima (o trabalho e a responsabilidade coletiva), ujamaa (cooperação econômica entre os negros), nia (determinação), kuumba (criatividade) e imani (a fé na comunidade).

No primeiro dia, ao acender a vela, os familiares, incluindo as crianças, são incentivados a conversarem e a fazerem uma reflexão sobre os problemas e conflitos que enfrentaram ao longo do ano. Karenga, o criador da festa, insiste no caráter não-religioso dessa celebração.

 

 

 

 

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