Por Renate Krieger
Como mães brasileiras no exterior, estamos sempre atentas às notícias do nosso país, até porque sempre damos um jeito de visitar a família e os amigos.
Nos últimos meses, o surto de febre amarela que afeta o Brasil também vem recebendo atenção de órgãos internacionais.
Em meados de janeiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu todo o Estado de São Paulo – ou seja, também a cidade de São Paulo – na área de risco para a febre amarela e pediu a todos os que viajarem à região que se vacinem. A organização já havia estendido a recomendação de vacinação para todo o Estado do Rio de Janeiro e o Estado de São Paulo, com exceção da capital estadual, em abril de 2017.
As recomendações de vacina contra febre amarela da OMS valem para todo o território brasileiro, excluindo uma pequena faixa no litoral sul do país e algumas áreas do Nordeste (veja o mapa aqui). No Brasil, a recomendação do Ministério da Saúde também é de vacinar a população em todo o território nacional.
Aqui na Alemanha, a principal instituição de referência sobre vacinas em viagens internacionais é o Instituto Robert Koch (RKI). Esse é o órgão ao qual os pediatras do país encaminham aqueles que consideram viagens a territórios afetados pela doença, já que, segundo a própria OMS, a vacina não é recomendada para áreas onde há baixo potencial de exposição, como a Europa.
Embora a vacina não seja obrigatória, o instituto também publicou novas informações sobre febre amarela em janeiro, depois da inclusão de todo o estado de São Paulo na área de risco. “Aos viajantes ao Brasil, é recomendado se informar anteriormente e considerar a vacina contra febre amarela também em caso de viagens a cidades [no país]”, diz um comunicado do RKI em seu site.
O que observar ao considerar a vacina em crianças
Muitos dos médicos que já consultei antes de viagens ao continente africano e ao Brasil tiveram que olhar manuais para saber quais eram as reações adversas e quais as condições nas quais se pode ou não aplicar a vacina. “A febre amarela deve ser observada durante o diagnóstico diferenciado de pacientes febris que não foram vacinados, se [durante o diagnóstico] o histórico de viagem do paciente incluir áreas endêmicas da febre amarela no Brasil, inclusive as grandes cidades (o período de incubação típico do vírus é de três a seis dias)”, diz o RKI.
Mas basta procurar médicos listados na sua cidade que sejam credenciados pelo Estado (só estes tem autorização para aplicar a vacina na Alemanha) para aconselhar os pacientes e aplicar a vacina (veja aqui uma lista do RKI com os institutos de medicina tropical no país).
Aqui na Alemanha, a instrução é feita previamente à aplicação da vacina. Ou seja, a mãe e o pai ainda podem decidir se querem ou não que seus filhos sejam vacinados durante a consulta.
Se você for viajar com seus filhos ao Brasil nos próximos meses, observe os seguintes pontos (recomendações da OMS, do RKI e do Ministério da Saúde do Brasil):
– Não se pode vacinar:
- Bebês com menos de 9 meses de idade, com exceção feita a epidemias, durante as quais bebês com idades entre 6 e 9 meses também deveriam receber a vacina em áreas de alto risco de infecção;
- Mulheres grávidas, excetuando casos de epidemias, durante as quais as gestantes também deveriam receber a vacina quando o risco de infecção é alto;
- Mulheres amamentando bebês com menos de seis meses de idade;
- Pessoas com severas alergias à proteína do ovo de galinha (porque a vacina é cultivada em ovos embrionados);
- Pessoas com mais de 60 anos de idade e pacientes com severa imunodeficiência devido a causas ligadas ao vírus HIV/Aids ou portadoras de doenças autoimunes, ou que têm problemas na glândula endócrina timo (que faz parte do sistema imunológico);
- Pessoas em de tratamento com quimioterapia/radioterapia;
- Pessoas submetidas a tratamento com imunossupressores (que diminuem a defesa do corpo).
– A vacina é a ferramenta mais importante de combate à febre amarela (é importante também o controle de mosquitos e picadas por meio de roupas compridas, repelentes e comportamento). A imunização vale por toda a vida do paciente;
– Várias estratégias são usadas para evitar epidemias, incluindo a imunização rotineira de crianças, diz a OMS;
– “Houve raros relatos de efeitos colaterais graves resultantes da vacina de febre amarela. As taxas desses ‘severos eventos adversos pós-imunização’ (AEFI, da sigla em inglês), quando a vacina provoca um ataque ao fígado, aos rins ou ao sistema nervoso e levando à hospitalização, somam entre 0,4 e 0,8 a cada cem mil pessoas vacinadas”, diz o site da OMS.
– Pessoas com mais de 60 anos de idade e pacientes com severa imunodeficiência devido a causas ligadas ao vírus HIV/Aids ou outras, ou que têm problemas na glândula endócrina timo correm mais riscos. Pessoas com idade avançada deveriam receber a vacina apenas após um cuidadoso exame.
Os sintomas

Segundo o ministério brasileiro da Saúde, os sintomas da febre amarela incluem:
- início súbito de febre;
- calafrios;
- dor de cabeça intensa;
- dores nas costas;
- dores no corpo em geral;
- náuseas e vômitos;
- fadiga;
- fraqueza.
“A maioria das pessoas melhora após estes sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% apresentam um breve período de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolvem uma forma mais grave da doença”, diz o site do Ministério.
“Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal) e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem doença grave podem morrer”, afirma ainda o texto publicado na página do Ministério, que recomenda que se informe um médico ao perceber esses sintomas, informando-o sobre se foi tomada a vacina contra a febre amarela, qual a data, e se houve viagem a áreas de risco nos 15 dias anteriores ao aparecimento dos sintomas. Informações sobre a mortandade de macacos na região visitada também são relevantes.
Veja outras informações nos seguintes links:
http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/febre-amarela-sintomas-transmissao-e-prevencao
https://portal.fiocruz.br/pergunta/quais-sao-contraindicacoes-da-vacina-contra-febre-amarela