Por Cíntia Cardoso (colaborou Renate Krieger)
Quantos pais já não passaram por uma saia justa quando os filhos pequenos recebem presentes, digamos, “inconvenientes”? Um carrinho cujas pilhas soltam à toa, um brinquedo de madeira que solta farpas, um brinquedo com um barulho insuportável ou simplesmente presentes demais… Nessa época de festas de fim de ano, os riscos de multiplicam.
Por mais bem intencionado que seja o gesto, muitas vezes quem presenteia erra a mão querendo fazer a alegria das crianças. E não é uma questão de preço, mas, sim, de o presente ser seguro e adequado para a faixa etária da criança. Eu e Renate já passamos por algumas situações bem embaraçosas com presentes no limite do bizarro. E aí, como reagir? Guardar aquele brinquedo chato ou potencialmente perigoso e só tirar do armário em raras ocasiões? Trocar discretamente na loja?
Sinceramente, não temos um código de etiqueta para essas situações. Se o brinquedo for meio perigoso mesmo, eu guardo até as crianças terem idade suficiente para brincar com eles. Mas para tentar evitar constrangimentos, fizemos pesquisas com mães e em sites na internet, fizemos uma listinha de dicas de presentes que realmente vão agradar pais e filhos.
Para todas as idades, livros, DVDs e Cds são sempre ótimas escolhas. Esse site português fez uma lista incrível de clássicos da literatura mundial para os pequenos. Aqui, uma lista dos livros infantis brasileiros clássicos. Essa outra lista aqui traz títulos em francês. E recomendados, é claro, os livros da Ivna que tratam com grande respeito e atenção os pequenos leitores.
De 0 a 2 anos:
Essa é aquela fase em que os bebês acham mais graça na caixa e na embalagem do que no próprio presente. Por isso, vi muitos especialistas que recomendam que se dê presentes coloridos e com texturas diferentes para estimular os pequenos. Pela nossa experiência, temos visto que nessa fase é muito importante que os brinquedos sejam laváveis, já que sempre vão parar na boca. E, por isso mesmo, também é importante que os brinquedos não soltem tinta, que as pilhas sejam difíceis de serem retiradas e que não tenham peças pequenas que, facilmente, poderiam engasgar a criança.
Em muitas lojas, os brinquedos têm a indicação de faixa etária, mas, por exemplo, se você preferir comprar um presente artesanal ou repassar um brinquedo antigo, é melhor ficar de olho para que o brinquedo não vire um presente de grego.
De 2 a 4 anos:
Nessa idade, os pequenos gostam de imitar os gestos dos adultos. O brinquedo preferido do meu filho, na época dom 18 meses, foi uma vassourinha e um rodo. Aos dois anos, as panelas e um fogão miniatura também fizeram sucesso com meus meninos e seus amigos e amigas da mesma idade. Quebra-cabeças e instrumentos musicais fazem a alegria da criançada assim como os brinquedos de encaixar. Aquelas bonecas russas são um grande sucesso, mas é bom ficar atenta à qualidade da tinta usada. Vi que há fabricantes que têm uma versão de plástico. Por uma preocupação ambiental, nosso sonho seria um mundo com menos brinquedos de plástico, mas essa missão não é fácil.
De 4 a 7 anos:
Essa fase coincide com a alfabetização e a escolarização, então nada mais simples do que oferecer presentes que ajudem e estimulem esse processo. Fiquei muito surpresa ao ver que jogos clássicos dos anos 80 como Banco Imobiliário (Monopoly) e outros do gênero ainda funcionam super bem nesse mundo dominado por tablets e smartphones. Nada contra nossos aliados tecnológicos, mas é bom também ver que crianças conseguem se divertir sem produtos eletrônicos.
De 7 a 10 anos:
Com a leitura já consolidada, brinquedos que estimulem a gosto pela ciência, história e geografia são aquele tipo de diversão em que você aprende brincando. Dei para meu filho mais velho ganhou um globo infalível ainda pequeno mas é agora, com quase 7 anos, que ele está se divertindo ao ver a localização dos países, dos continentes.
Meu pior presente
A pior história de presente que tenho não foi de presente para meus filhos mas para mim mesma. Aos 8 anos, eu ganhei uma calcinha fio dental (string) vermelha no aniversário. A pessoa que me presenteou permaneceu anônima, já que o presente foi deixado numa grande caixa na entrada do salão de festas. No pacote, apenas um “Feliz Aniversário, Cíntia”. Não havia sem assinatura nem cartão. Meus pais ficaram bastante chocados e até hoje não sabemos quem me deu uma coisa de tanto mau gosto. Uma pessoa sem noção ou um pedófilo em potencial?
A Renate sempre quis perguntar para um casal de amigos o que fez de ruim para eles darem um cubo eletrônico com músicas repetitivas e show de luzes para a filha mais velha. O brinquedo era tirado apenas raramente do armário.
Também há situações em que a diplomacia precisa reinar – a exemplo de quando crianças são praticamente “afogadas” em presentes que são oferecidos pelo simples fato de oferecer. A Renate já passou por alguns momentos destes, a exemplo da data de São Nicolau (6 de dezembro), quando se dá presentes às crianças “bem comportadas” na Alemanha (o Natal é a segunda data).
Foram presentes demais de pessoas da família, num momento em que ela tentava ensinar às filhas que não é preciso ter tantas coisas para se divertir. E o presente da mamãe – um livro ilustrado – acabou ficando em segundo plano (quem nunca ficou chateada com isso?). A saia-justa ficou para ser resolvida num momento oportuno de dizer, delicadamente, que tantos presentes não são necessários. Como as filhotas adoraram a Barbie (um presente que a Renate não gostou), a mãe está deixando a fase do encanto passar.
Na foto do post, um presente recebido pela filhas da Renate no Marrocos. Apesar de fofinho, o mimo não é indicado para os pequeninos. As bolinhas são um perigo para bebês com menos de 3 anos.